Este blog já teve outros nomes. Cada um deles dependia do espírito do autor em épocas distintas.
Uma vez que ele - o blog - depende do espírito do autor, permitam-me que eu o
apresente: eu sou Juljan. Para mim não há rótulo mais preciso, embora ele não
possa ser bem compreendido por aqueles que não me conhecem pessoalmente. Mas é
isso. Sou Juljan e no decorrer do texto acredito que haverá uma ideia de quem
Juljan é. Caso a imagem seja difusa, não se preocupe: nenhum de nós é nítido.
No primeiro
momento do blog, chamei-o de VOZ E VIOLÃO. Publicava aqui minhas peripécias
musicais colhidas ao lado de meu velho PC. Algumas delas estão em um canal que
tenho no YOU TUBE – já não atualizado há algum tempo.
Depois, chamei-o
FEBRE DE BOLA E ETC.. Foi na época em que a fantástica tecnologia do PS3
devolveu minha paixão de menino pelo futebol. O título também se referia a um
dos melhores livros que li, do inglês Nick Hornby - torcedor do londrino
Arsenal. Aquela nova tecnologia, que colocava meus times de futebol de botão em
um campo virtual com movimentos para mim perfeitos, era fantástica -
principalmente fantástica para um cara de 36 anos (8 anos atrás) que passara a
adolescência sem se preocupar com jogos eletrônicos (a vida real – ou algo
próximo para mim do real - sempre me agradou mais). Foi um choque fascinante e
necessariamente inebriante.
Por fim, chamei-o
EFEITO DE SIGNIFICADO, título que permanece e será mantido uma vez que tudo tem
que ter um nome e uma definição. Escolhi a imagem do Colosso de Rodes, uma das
maravilhas da antiguidade representada em uma imagem renascentista do Deus Sol
segurando a “Luz que os céus inflama” – sonhada por Augusto dos Anjos. O título
atual e permanente do blog, vem de uma frase de Jacques Lacan sobre o
significante no inconsciente. Do ponto de vista de seu estudo psicanalítico, o
significante tem EFEITO DE SIGNIFICADO. Sou graduado em Letras e, em
Linguística, também há um significante o qual – apesar de ser distinto do
significante psicanalítico lacaniano – também produz efeitos de significado.
Hoje, depois de
algum tempo, reativei o blog. Talvez esteja eu atrasado em face das constantes
e velozes atualizações da modernidade do assustador século XXI, mas estou
vivendo uma fase estranha para mim e encontrei algum abrigo nas palavras
novamente. Fazia uns 25 anos que isso não me acontecia e me assustei. Me
assustei porque vivi uma vida de trabalho por dinheiro, pagamento de contas,
finais de semana relâmpago e calendários com feriados desejados e ansiosamente
aguardados. Estilo Marina Colasanti no célebre “Eu sei que a gente se acostuma,
mas não devia”. Não que meu trabalho como professor não me agradasse ou
satisfizesse, mas quando a gente é criança não deseja só trabalhar. Quando
somos crianças e perguntam o que seremos quando crescermos, respondemos
pensando no prazer, na alegria, na festa que só existe na alma de uma criança.
Ninguém, quando criança, deseja crescer para ter medo de desemprego, medo do
boleto vencido, de não ser o que o mundo quer que se seja.
Dia desses, nas
redes sociais do HOJE (agora tudo é HOJE), li uma frase do Nietzsche que em
seus significantes linguísticos dizia algo assim: O homem que não possui dois
terços do dia para si mesmo, para seu prazer, é um escravo. Eu sei que ninguém
em sã consciência diria que não sente prazer em seu trabalho porque isso seria
admitir um tipo de derrota – algo que pretendo abordar em algum texto no futuro
– mas há crianças que crescem para SER, outras, para parecer. Pois a tal frase
do Nietzsche produziu neste sujeito Juljan um efeito de significado há muito
inerte, deixado de lado. Mas agora, graças a um momento inesperado – que me
assustou também por ter passado tantos anos vivendo uma programação – adequada
ao desumanizante século XXI (irmão mais velho e mais feio do anterior) – estou de
volta ao prazer de escrever.
Outubro
desafinado, que publiquei no último dia 31 foi o prelúdio de um reinício. O
reinício de uma nova busca pela epifania – a qual está dentro de cada um de nós,
mas que, se não lhe dermos o tempo do espírito (muito distinto do tempo das
contas e boletos) não surge de verdade, ou sai feia com bordões e “hashtags”
que por falarem pouco falam muito dos robôs em que estão nos transformando.
Que venham os
significantes produtores de EFEITO DE SIGNIFICADO.
Juljan Lima Palmeira – 03/11/2017 (15 anos de meu
sobrinho Pedro)