quarta-feira, 11 de abril de 2012

O braço de ouro


Acordei no meio da noite e vi que as paredes me interrogavam. Não estava preparado para tantas perguntas e por isso abri a porta, o portão e saí pela rua. Nada de interrogações. Quando virei a esquina me deparei com um braço de ouro maciço que se encerrava em uma mão em forma de súplica apesar de sozinha. Segui pela rua e passei por um bar. Havia uma mesa com algumas pessoas então me aproximei e me sentei. Nada. Não conseguia perceber em suas feições se eram homens ou mulheres. Eram pessoas somente. Não falavam, não bebiam, não comiam, não se moviam em absoluto. Passei algumas horas a observá-los e voltei a pensar nas paredes de minha casa e acreditei já estar pronto para responder às suas indagações. Despedi-me das pessoas na mesa, mas não obtive resposta. Na volta para casa, o braço de ouro estava no mesmo lugar. Apanhei-o e surpreendi-me com o seu peso. Era bem leve para um objeto feito de um metal maciço. Voltei ao bar e coloquei-o sobre a mesa entre as pessoas com quem estivera. Fui para casa. Quando abri o portão, a porta e entrei... Silêncio. As paredes não tinham mais perguntas. Adormeci ao som de pássaros e buzinas de automóveis.

Juljan Lima Palmeira
11/04/2012

Um comentário:

Zélia disse...

Por isso, eu prefiro escrever nas paredes do meu quarto. Perguntas, respostas, soluções, problemas, poesias, pensamentos, músicas... Está tudo lá. Assim, eu falo com elas e não elas comigo.

;)