quinta-feira, 11 de julho de 2013

Respeito


            A palavra “respeito” em inglês (respect) é utilizada por rappers americanos ao final de seus versos que falam sobre as agruras de uma vida de exclusão social e preconceito. Talvez uma das palavras mais em falta no vocabulário da humanidade, em toda e qualquer língua, há muito tempo. Os atuais protestos que ocorrem em todo o Brasil são uma prova disso.
            Não é difícil encontrar pessoas que recriminem os protestos e paralisações. Uns vem com aquela conversa de que não passam de “protestos políticos” como se isso fosse um demérito. Como assim? Eles são políticos mesmo. É a política brasileira e a sua prática degradante e excludente que fez com que as coisas chegassem a esse ponto. De fato, as massas excluídas demoraram tempo demais para soltar seu grito de revolta. Outros dizem ou comportam-se como se fossem apenas manifestações e paralisações orquestradas por preguiçosos e vagabundos, que não querem trabalhar. Ora, é melhor você ir ao seu trabalho e voltar normalmente à sua casa ou enfrentar cassetetes e bombas de “efeito moral”?
            É óbvio que devemos considerar de onde vêm as críticas aos movimentos sociais: elas partem de uma elite econômica e “intelectual”, acomodada em sua vida de muitas oportunidades e, logicamente, satisfeita com a situação em que se encontra. Só não entendo qual é a glória em ser vencedor em uma corrida tão desigual, em que os membros dessa elite triste e vergonhosa pilotam um “Red Bull” do Vettel e o resto do povo vem montado em um burrico velho e maltratado. É típico do déspota querer ser o rei em uma terra devastada. Ainda se fosse uma elite produtora de pensadores que se ocupassem em melhorar as condições do seu país como ocorre em nações desenvolvidas da Europa (que a elite daqui tanto idolatra), mas não: é um grupinho de gente pequena e mesquinha, que quer ter e ser apenas para pisar o seu semelhante, vomitando sua erudição e seu poder. Bater em quem é fraco é muito bom. Queria ver se o povo tivesse as mesmas chances que vocês, gente sebosa.
            Há uma fala muito interessante no texto de um dos livros da religião trazida à América e imposta pelos europeus: o personagem pede a seus seguidores que amem seu próximo como a si mesmos. Seja lá quem disse, sempre foi uma frase que me fascinou. É algo que sempre procuro fazer e digo a vocês: é muito difícil. Procuro pelo menos entender e respeitar a todos, desde que seu comportamento não seja agressivo para com o outro, como é caso da postura assumida pela elite supracitada.
            Todos aqueles que estão sendo lesados em seus direitos básicos devem prosseguir em suas manifestações e exigir as mesmas condições de crescimento que são dadas aos grupinhos de uma elitizinha medíocre e que nada tem feito para o crescimento do seu país. Respeito, gente ruim, é bom e o povo o quer.
            Respect!

Foto: google images

Juljan Lima Palmeira
11/07/2013

Um comentário:

Zélia disse...

"Só não entendo qual é a glória em ser vencedor em uma corrida tão desigual..."

É nisso que tenho pensado muito esses últimos tempos. Sabe... Qual é a vantagem em já nascer tendo que sofrer e lutar pela vida? Qual é a vantagem em insistir tanto em ultrapassar seus limites? - Não sei ainda...

Outra coisa: Puxa uma cadeira, vamos conversar... As questões da liberdade ainda se atravancam entre nós... :D

O respeito e a liberdade são muito próximos. Quando se respeita alguém, você dá 'liberdade' a ela de ser e de agir como pensa que deve. Mas quando se diz "desde que seu comportamento não seja agressivo para com o outro", por exemplo, eu estou deixando de te respeitar e de te dar liberdade. (?) E se o fulano ali quiser encher de porrada um político ladrão, não pode? Quem disse que não pode? Roubar, pode? Se eu roubo, eu não te respeito, eu não te dou liberdade. E aí? Agora embananou tudo. O que é respeito e o que é liberdade? Será que eles existem plenamente? Ou melhor, será que podem existir plenamente?