sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Sobre este blog,sobre o autor e sobre os prazeres que dão sentido à vida

Este blog já teve outros nomes. Cada um deles dependia do espírito do autor em épocas distintas. Uma vez que ele - o blog - depende do espírito do autor, permitam-me que eu o apresente: eu sou Juljan. Para mim não há rótulo mais preciso, embora ele não possa ser bem compreendido por aqueles que não me conhecem pessoalmente. Mas é isso. Sou Juljan e no decorrer do texto acredito que haverá uma ideia de quem Juljan é. Caso a imagem seja difusa, não se preocupe: nenhum de nós é nítido.
No primeiro momento do blog, chamei-o de VOZ E VIOLÃO. Publicava aqui minhas peripécias musicais colhidas ao lado de meu velho PC. Algumas delas estão em um canal que tenho no YOU TUBE – já não atualizado há algum tempo.
Depois, chamei-o FEBRE DE BOLA E ETC.. Foi na época em que a fantástica tecnologia do PS3 devolveu minha paixão de menino pelo futebol. O título também se referia a um dos melhores livros que li, do inglês Nick Hornby - torcedor do londrino Arsenal. Aquela nova tecnologia, que colocava meus times de futebol de botão em um campo virtual com movimentos para mim perfeitos, era fantástica - principalmente fantástica para um cara de 36 anos (8 anos atrás) que passara a adolescência sem se preocupar com jogos eletrônicos (a vida real – ou algo próximo para mim do real - sempre me agradou mais). Foi um choque fascinante e necessariamente inebriante.
Por fim, chamei-o EFEITO DE SIGNIFICADO, título que permanece e será mantido uma vez que tudo tem que ter um nome e uma definição. Escolhi a imagem do Colosso de Rodes, uma das maravilhas da antiguidade representada em uma imagem renascentista do Deus Sol segurando a “Luz que os céus inflama” – sonhada por Augusto dos Anjos. O título atual e permanente do blog, vem de uma frase de Jacques Lacan sobre o significante no inconsciente. Do ponto de vista de seu estudo psicanalítico, o significante tem EFEITO DE SIGNIFICADO. Sou graduado em Letras e, em Linguística, também há um significante o qual – apesar de ser distinto do significante psicanalítico lacaniano – também produz efeitos de significado.
Hoje, depois de algum tempo, reativei o blog. Talvez esteja eu atrasado em face das constantes e velozes atualizações da modernidade do assustador século XXI, mas estou vivendo uma fase estranha para mim e encontrei algum abrigo nas palavras novamente. Fazia uns 25 anos que isso não me acontecia e me assustei. Me assustei porque vivi uma vida de trabalho por dinheiro, pagamento de contas, finais de semana relâmpago e calendários com feriados desejados e ansiosamente aguardados. Estilo Marina Colasanti no célebre “Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia”. Não que meu trabalho como professor não me agradasse ou satisfizesse, mas quando a gente é criança não deseja só trabalhar. Quando somos crianças e perguntam o que seremos quando crescermos, respondemos pensando no prazer, na alegria, na festa que só existe na alma de uma criança. Ninguém, quando criança, deseja crescer para ter medo de desemprego, medo do boleto vencido, de não ser o que o mundo quer que se seja.
Dia desses, nas redes sociais do HOJE (agora tudo é HOJE), li uma frase do Nietzsche que em seus significantes linguísticos dizia algo assim: O homem que não possui dois terços do dia para si mesmo, para seu prazer, é um escravo. Eu sei que ninguém em sã consciência diria que não sente prazer em seu trabalho porque isso seria admitir um tipo de derrota – algo que pretendo abordar em algum texto no futuro – mas há crianças que crescem para SER, outras, para parecer. Pois a tal frase do Nietzsche produziu neste sujeito Juljan um efeito de significado há muito inerte, deixado de lado. Mas agora, graças a um momento inesperado – que me assustou também por ter passado tantos anos vivendo uma programação – adequada ao desumanizante século XXI (irmão mais velho e mais feio do anterior) – estou de volta ao prazer de escrever.
Outubro desafinado, que publiquei no último dia 31 foi o prelúdio de um reinício. O reinício de uma nova busca pela epifania – a qual está dentro de cada um de nós, mas que, se não lhe dermos o tempo do espírito (muito distinto do tempo das contas e boletos) não surge de verdade, ou sai feia com bordões e “hashtags” que por falarem pouco falam muito dos robôs em que estão nos transformando.
Que venham os significantes produtores de EFEITO DE SIGNIFICADO.

Juljan Lima Palmeira – 03/11/2017 (15 anos de meu sobrinho Pedro)






3 comentários:

Zélia disse...

Você (meu) é-feito-de-significado(s). 💜

Juljan Lima Palmeira disse...

E você é a Luz que inflama o meu céu. Obrigado por tudo ❤

Daimler disse...

Belo texto Juljan.